Meditação: somos igreja da Reforma

Jesus Cristo nasceu, cresceu, viveu, morreu e ressuscitou entre as pessoas. Foi e é o Deus encarnado (Jo 1.14). Entre nós proclama, por palavras e gestos, sinais do Reino de Deus. A Igreja nasceu  dessa pregação. Ela está aí para apontar sinais do Reino de Deus. É a sua missão! Como “Corpo de Cristo” (1 Co 12) busca a vivência da paz, da justiça, da minimização do sofrimento, da união e da dignidade para todas as pessoas, experimentando e promovendo salvação.

Mas nem sempre a Igreja exerceu de forma fiel este papel. Ao longo da história, deixou-se
corromper. Por vezes ocultava a Palavra de Deus; outras vezes não oferecia perdão, justiça, libertação ou paz. Representantes da Igreja vendiam indulgências (cartas de perdão dos pecados). Felizmente, Deus agiu. Um movimento de resistência e redescoberta do Evangelho se deu no século XVI, liderado por Martim Lutero. Convicto de que isso era um abuso de clérigos corruptos, Lutero escreveu um manifesto com 95 afirmações e o pregou na porta da igreja de Wittenberg, no dia 31 de outubro de 1517. Esse movimento teve influência cultural e social no mundo inteiro, principalmente Alemanha.

A religiosidade da Idade Média era centrada no poder da Igreja. A missa, celebrada em latim. Além de não entender, as pessoas não podiam ler a Bíblia. Inferno e condenação eram argumento para oprimir e dominar o povo. O perdão e a salvação podiam ser comprados. Martim Lutero fica angustiado com tudo isso. Por isso busca paz para a alma e certeza de salvação. Como posso me perceber salvo se constantemente peco, mesmo depois da confissão e participação na Santa Ceia? Quando vou parar de pecar e finalmente ser reconciliado com Deus? Na busca de resposta para sua angústia, encontrou orientação na carta aos Romanos, 1.17: “o justo viverá por fé”. Ou seja, não somos nós os autores da paz de espírito, do perdão ou da salvação, mas Cristo. Ele nos torna justos. Nós vivemos pela fé nEle. Em Cristo este evento já se deu quando da sua morte e ressurreição (a  páscoa). O Cristo justo, sem pecado, morre na cruz por mim pecador a fim de que eu, pecador, incapaz de me salvar, seja justificado. É a “Troca Jubilosa”, cantada no hino 155 do hinário. A Santa Ceia é a expressão maior desta troca entre nós hoje: o Cristo justo que se dá por nós pecadores.

A redescoberta do Evangelho no século XVI pode ser resumida assim:

* somente Cristo: Cristo é o centro da fé: “E não há salvação em nenhum outro…” (Atos 4.12);

* somente a Fé: “No sola fide está implícito que a salvação depende totalmente da atividade de Deus e que não é condicionada, de modo algum, pela ação do ser humano.” (M. Lutero) A nós é feito o convite para crer;

* somente a Escritura: ela é a fonte da revelação de Deus e centro da vida comunitária. Nenhuma tradição ou costume pode ocupar seu lugar;

* somente a Graça: “Entendo que o pecador é justificado somente pelo amor, pela misericórdia e pela graça de Deus, e nada mais. A graça de Deus me livra da culpa, do poder e da presença do pecado.” (M. Lutero)

Nós, luteranos de Campinas e comunidades vizinhas, somos herdeiros deste movimento de redescoberta do Evangelho. Ele molda o nosso jeito de ser igreja cristã. Buscamos torná-lo concreto através das atividades que desenvolvemos: cultos; visitas; encontros com crianças; jovens; senhoras; 3ª idade; casais; presbíteros/as; coral; trabalhos diaconais e missionários; dia da Igreja; atividades do Lar Luterano Belém; inserções públicas; cultos e sacramentos; entre outros.

Anote na sua agenda: em 2017 o mundo celebra os 500 anos da Reforma. Esta é uma das metas do planejamento estratégico comunitário também para nossa comunidade. Junte-se a este movimento de Igreja em constante reforma, com jeito dinâmico, voz profética, expressão de justiça, vivência do perdão, acolhida e vida. Deus nos guarde.

“Fé e amor perfazem a natureza do cristão. A fé recebe, o amor dá; a fé leva a pessoa a Deus, o amor a aproxima das demais. Através da fé ela aceita os benefícios de Deus,  através do amor ela beneficia seus semelhantes.” (M. Lutero).

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3 respostas para Meditação: somos igreja da Reforma

  1. Dines Schaffer disse:

    Eu já me sinto comemorando os “500 anos da Reforma”! É preciso celebrar! (Celebrai com júbilo ao Senhor – diz o salmista). Só de ler este artigo do Pastor Marcos, já me sinto agradecido por este presente que Deus nos deu, que foi a ação de Martinho Lutero . . . e já são 500 anos. Vamos celebrar e festejar! “Alegrai-vos, outra vez digo, alegrai-vos” nos exorta o apóstolo Paulo!!! (Filipenses 4,4)
    Abraços a todos e em especial neste mês “da Reforma”!

  2. Nelson Henrique Franco de Oliveira disse:

    P. Marcos, seu texto está muito bom. Cada parágrafo retratou muito bem o motivo para caminharmos na celebração dos 500 anos da Reforma.

  3. Nelson Henrique Franco de Oliveira disse:

    Dines, também gostei de seu comentário.

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